Última alteração: 2017-03-28
Resumo
Introdução: A Organização Mundial da Saúde (OMS) preconiza que a adolescência vai dos 10 aos 19 anos; entretanto, para o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), essa fase vai dos 12 aos 18. A adolescência refere-se a uma etapa evolutiva do ser humano, na qual ocorre a maturação biopsicossocial do indivíduo. Nessa fase de mudanças, o jovem está sujeito a uma serie de influências, tanto ambientais quanto biológicas, configurando o fenômeno da vulnerabilidade na adolescência. A definição sobre vulnerabilidade remete à ideia de fragilidade e de dependência, que se conecta a situação de crianças e adolescentes, principalmente os de menor nível socioeconômico. A desestruturação familiar, a falta de investimento estatal em políticas socioeducativas, o abandono, o falecimento dos pais, o abuso e a fome são alguns dos motivos que levam diariamente milhões de crianças e adolescentes a se exporem ao risco de viver sem qualquer amparo. Além disso, devido à fragilidade e devido à dependência dos mais velhos, esse público torna-se muito submisso ao ambiente físico e social em que se encontra. Em determinadas situações, o estado de vulnerabilidade pode afetar a saúde, mesmo na ausência de doença, mas com o abalo do estado psicológico, social ou mental das crianças e dos adolescentes. Aliado a isso, a sensação juvenil de onipotência, o desafio à estrutura familiar e social, e a busca de novas experiências exemplificam a situação de fragilidade biopsicossocial, a qual, nesses indivíduos, apresenta-se como maior vulnerabilidade para experimentação e uso abusivo de drogas ou desenvolvimento da sexualidade de maneira inconsequente. O aumento do interesse sexual coincide com o surgimento dos caracteres sexuais secundários. Este interesse é influenciado pelas profundas alterações hormonais deste período da vida e pelo contexto psicossocial. Além disso, a adolescência é uma etapa da vida na qual a personalidade está em fase final de estruturação e a sexualidade se insere nesse processo, sobretudo, como um elemento estruturador da identidade do adolescente. Daí a necessidade de buscarmos conhecer melhor os mitos, tabus e a realidade da sexualidade para que possamos abordá-la de forma mais tranquila com os adolescentes, de manter um diálogo franco e entender as manifestações dessa sexualidade aflorada e própria da idade. A sexualidade é também objeto de estudo e intervenção das políticas públicas e tem sido cada vez mais discutida, principalmente devido ao aumento dos índices de gravidez e de incidência de Aids na população jovem. A adolescência também é uma fase de experimentação, criando um ambiente perfeito para o início do consumo de álcool e outras drogas. As práticas de venda, fornecimento ou entrega de bebidas alcóolicas e outros produtos capazes de gerar dependência física ou psíquica para crianças e adolescentes são consideradas criminosas no Brasil. A falta de fiscalização e a permissividade das famílias e da sociedade contribuem para, por exemplo, a elevada prevalência de uso de álcool, substância de maior consumo na vida (60,5%) e nos últimos 30 dias (21,1%), entre escolares. Somado a esses fatores de risco, destacam-se outros: violência, desvalorização das autoridades sociais, falta de recursos para prevenção e atendimento, descrença nas instituições, falta de oportunidades de trabalho e lazer. A escola é um agente transformador; todavia, por conta da desestruturação familiar e do fácil acesso ao álcool, tabaco e outras drogas prejudiciais à saúde, ela pode desencadear uma situação de risco, expondo o estudante ao uso dessas substâncias danosas. Adultos, familiares, profissionais da Saúde ou da Educação e representantes da comunidade possuem importante papel na orientação do adolescente, oferecendo-lhe a oportunidade da informação e contribuindo para que se torne habilitado e capaz de cuidar de sua vida com qualidade. Ou seja, a promoção de fatores de proteção - segurança, educação, saúde, cultura e lazer - deve se atrelar a estratégias que façam com que esses indivíduos adquiram resiliência. Objetivos: o objetivo principal do presente trabalho é realizar uma intervenção social participativa no bairro Vitória Régia, abordando a população adolescente. Dentro disso, foram planejados alguns objetivos específicos, são eles: estimular os adolescentes a se tornarem multiplicadores de ideias, ou seja, adolescentes repassando a informação e o aprendizado obtidos nessas atividades a outros adolescentes, de modo a promover a ampliar a cobertura de atenção à saúde. Aproximar os jovens adolescentes das atividades promovidas pelas equipes de saúde da UBS Carlos Amorim. Identificar as preferências dos alunos entre temas que foram previamente discutidos pelos alunos da FCMS da PUC-SP e a equipe de saúde e outros temas que possam ser de interesse do grupo. Avaliar os conhecimentos prévios a respeito dos assuntos abordados. Identificar o interesse dos jovens quanto às atividades que serão desenvolvidas no projeto. Entender as motivações desses adolescentes para abandonar ou continuar na escola. Método: a construção do projeto utilizou a problematização como instrumento de trabalho, sendo a realidade percebida pelos alunos, durante a participação nas diversas atividades que integram o PAS, entre elas as visitas domiciliares. Além disso, baseou-se em um estreitamento de relações entre os alunos da FCMS da PUC-SP, a coordenadora da UBS e a equipe de saúde da família (ESF), em particular a equipe azul. Foram realizadas reuniões com os integrantes da ESF azul na UBS, durante as atividades regulares proposta para os alunos do 3º ano do curso de medicina e uma reunião no prédio central da FCMS da PUC-SP. A intervenção será destinada aos estudantes do sexto ao nono anos da Escola Estadual Sarah Salvestro e ou pertencentes a área da ESF Ulisses Guimarães (correspondendo a 9 a 10 e 13 anos de idade). Serão formados dois grupos distintos para intervenção: um grupo de 12 adolescentes multiplicadores de ideias, com 13 a 14 anos, alunos da escola Sarah Salvestro, a escolha dos adolescentes será discutida com a direção da escola e com as agentes comunitárias, tendo como objetivo a identificação de adolescentes com perfil de liderança e com interesse nas atividades propostas; e outro grupo entre 9 e 10 anos dessa mesma escola. Do local de execução do projeto: será utilizado o espaço disponibilizado pela igreja Assembleia de Deus Filadélfia Sorocaba - Instituto Joia Rara, a área de grupo da própria UBS e a própria escola, dependendo da disponibilidade do espaço. Das atividades propostas: serão realizadas oficinas, a cada duas semanas (a discutir com o grupo a ser formado), baseadas nas metodologias participativas, onde serão aprofundados temas como sexualidade, gravidez precoce, drogas, lazer e cultura, família e expectativa de futuro. A sequência das discussões respeitará o desejo do grupo. Será aplicado, previamente, um questionário de interesses e conhecimentos, para medir o interesse dos adolescentes nas atividades propostas e seu grau de conhecimento acerca das mesmas. Antes do início do projeto e após a sua explicação, serão aplicados o termo de consentimento livre e esclarecido e o termo de assentimento. Resultados esperados: Através da intervenção, espera-se auxiliar os alunos abordados na aquisição de informações sobre os temas propostos, contribuindo para o desenvolvimento de senso crítico sobre a realidade. Além disso, poderá contribuir com a redução de evasão entre os escolares e redução na incidência de adolescentes grávidas na escola Sarah Salvestro.