, Fórum PAS - Prática em Atenção à Saúde 2017

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Prevenção de acidentes domésticos envolvendo crianças no Bairro Nova Sorocaba
Willy Marcus Gome França, Kouzo Imamura, Matheus Jorge Assali, Matheus Rodrigues Morais, Milton Antônio Maia Spolon Junior, Natalie Adler Piepszyk, Patrícia Junqueira Maia Soares, Patrícia Ko, Pedro Luís Escher Escobosa Parron, Rafael Augusto M. dos Santos

Última alteração: 2017-12-07

Resumo


Introdução: A Organização Mundial de Saúde (OMS) define acidente como um acontecimento casual que independe da vontade humana, ocasionado por um fator externo originando dano corporal ou mental. O acidente doméstico tem se revelado como uma das principais causas dos atendimentos, internações, incapacidades e óbitos em crianças, nos vários países e tem contribuído, de forma considerável, para manter elevada a taxa de morbimortalidade infantil. Podemos dividir os acidentes em subcategorias: 1) Afogamentos: para bebês e crianças, qualquer recipiente, mesmo aqueles considerados rasos, como baldes, banheiras, vasos sanitários, podem oferecer riscos. Lembrar que uma criança não deve frequentar a piscina sem a supervisão de um adulto. 2) Quedas: crianças pequenas, que ainda não tem o discernimento do que é perigoso/seguro e do certo/errado podem tentar alcançar objetos que estejam em alturas consideráveis, para isso, utilizam cadeiras, camas, bancos, que não foram feitos para suportar o peso de um ser humano, além de correr e cair, fazendo com que a criança caia e se machuque. Por isso, é importante ressaltar alguns objetos que aumentam a segurança da criança: como protetores de tomadas, nas quinas de móveis e antiderrapantes nos tapetes. 3) Queimaduras/cortes: ocorrem principalmente na cozinha por conterem grande quantidade de objetos cortantes (como facas), e em que ocorre maior número de queimaduras, devido a cabo de panelas com o alimento já aquecido, principalmente óleo, voltado para a parte externa do fogão. Além disso, isqueiros, caixas de fósforos não devem ser deixados em superfícies de fácil acesso. 4) Intoxicação: a curiosidade das crianças leva a ingestão de substâncias corrosivas e tóxicas, pois grande parte delas possui cor e embalagens atrativas. Podemos citar como exemplo: soda cáustica e produtos de limpeza em geral, medicamentos, inseticidas, álcool, detergente e outras substâncias. 5) Brinquedos: é importante observar sempre a faixa etária para a qual o brinquedo está destinado, pois crianças pequenas tendem a engolir peças pequenas (que podem causar sufocamento e levar à morte), além disso, podem colocar em ouvidos (gerando inflamação), nariz (podendo gerar também a asfixia, caso atinja a mucosa oral), umbigo, causando acidentes maiores. Observando os dados epidemiológicos disponíveis dos atendimentos infantis, tanto do Brasil quanto do município de Sorocaba, percebemos que, mesmo com a queda da mortalidade decorrente de acidentes com crianças, pelo menos 37,5% delas já sofreram algum tipo de acidente doméstico. Associando estes dados com as quase 110 mil hospitalizações anuais por acidentes domésticos com crianças, decidimos realizar um projeto de conscientização para prevenção dos acidentes domésticos infantis na UBS do bairro Nova Sorocaba, no município de Sorocaba, por conta do grande número de atendimentos pediátricos lá realizados e da grande quantidade de crianças no bairro. Este trabalho tem por objetivos, então: (1) Promover a conscientização de pais e cuidadores sobre os riscos de acidentes domésticos infantis, demonstrando dados epidemiológicos das causas mais comuns, afim de que possam observá-las melhor; (2) Descrever, em um meio de fácil acesso, técnicas para prevenção de acidentes domésticos infantis, voltadas tanto para o público adulto quanto para as próprias crianças, reduzindo assim a susceptibilidade da ocorrência dos acidentes; (3) Reforçar a importância dos cuidados paternos associados com a educação e vigilância dos filhos na prevenção de acidentes domésticos. Por fim, diante da atual situação é de suma importância a conscientização, informação dos cuidadores e responsáveis por crianças para a prevenção de acidentes domésticos. Para a metodologia, em princípio, pretendíamos realizar um estudo retrospectivo fazendo o levantamento de prontuários e número aproximado de crianças atendidas devido a acidentes domésticos no Programa de Atendimento à Criança (PAC) na Unidade Básica de Saúde (UBS) do bairro Nova Sorocaba para realizar a identificação das famílias mais vulneráveis. Entretanto, o rastreamento de casas com mais vulnerabilidade não foi possível, pois a região não tem Programa de Saúde da Família. O primeiro passo foi a reunião com a coordenação da UBS Nova Sorocaba, cujo objetivo era o levantamento de dados no contingente populacional infantil do bairro. Todavia, encontramos dificuldades para fazer o levantamento bibliográfico, pois a UBS não possui nenhum banco de dados contendo essas informações. A segunda parte foi a elaboração de um pôster educacional e panfletos, bem como a cotação para publicação. Havia no pôster instruções simples, de situações corriqueiras do dia a dia, que, muitas vezes passam despercebidas pelos indivíduos. Ademais, dividimos em cômodos comuns como sala, cozinha, quarto, banheiro e medidas gerais para a casa. O panfleto era uma versão resumida do pôster, que acabou fixado ao lado da porta de atendimento do PAC da UBS Nova Sorocaba. A intervenção ocorreu em apenas um momento: houve a distribuição dos panfletos para as pessoas presentes na UBS no dia da intervenção, que foi escolhido, junto ao coordenador da UBS, por ser um dia de atendimento comum da pediatria, e houve a realização de uma palestra educativa pelos próprios estudantes de medicina. Os resultados revelaram a partir da palestra e do pôster exposto, uma melhora no conhecimento generalizado das pessoas que participaram. Porém, não conseguiram mudar a percepção completamente dos participantes, mas demonstraram ao menos alguns dos componentes que podem deflagrar acidente domésticos. A principal dúvida dos participantes da palestra era como realizar as alterações necessárias para corrigir os erros em seus lares. A ação produziu maior alcance da população, repercutindo em uma maior qualidade de vida dos moradores do bairro. Observarmos que medidas maiores precisam ser tomadas, como: ampliação do número de campanhas publicitárias envolvendo acidentes domésticos (a fim de difundir a ideia para as pessoas), criação de equipes multidisciplinares envolvendo desde profissionais da área da saúde a até engenheiros para planejamento de reformas e construções nos locais de moradia, além da instrução dos pais antes mesmo de terem seus filhos para que consigam um melhor planejamento do local onde as crianças vão habitar. Concluímos que uma das maiores causas de acidentes domésticos é a falta de atenção dos pais e supervisão, consequência dos novos hábitos de convívio em sociedade. Hoje, as estruturas familiares são mais desconexas entre si, desintegradas, porém muito ligadas à tecnologia, o que diminui o convívio social e a supervisão dos adultos em relação às crianças, levando a uma maior independência infantil. Dessa forma, apesar dos números de acidentes domésticos estarem diminuindo, a estatística ainda é elevada, demonstrando que uma parte da população permanece desinformada e descuidada sobre o assunto.


Palavras-chave


crianças, acidente doméstico; prevenção

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