, Fórum PAS - Prática em Atenção à Saúde 2017

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Efeitos da prática de exercícios físicos durante 3 meses na qualidade de vida dos pacientes da UBS Nova Sorocaba
Kouzo Imamura, Marcos Iae Sato, Maria Fernanda Rodrigues Mundo, Mariana Cristina César, Mariana Emi Varicoda Makyama, Mariel Vendramel Neves, Marília Cândida Garcia Kanas, Marina Jomori Eliezer, Marcelo Seiji Takaoka

Última alteração: 2017-12-07

Resumo


Introdução: A qualidade de vida é um conjunto de variáveis que abrange: bem-estar físico, bem-estar material, bem-estar social e o bem-estar emocional. A atividade física acarreta melhorias na qualidade de vida em todos os aspectos, independente de sexo, idade e profissão. A maioria da população brasileira faz uso do Sistema Único de Saúde (SUS) e, uma grande porcentagem dessa é hipertensa, obesa e sedentária, o que constitui um problema de saúde pública. Sendo assim, um montante considerável dos recursos do SUS é gasto para este fim. Nesse contexto, a atividade física surge como uma solução viável, efetiva e relativamente barata para prevenção primária de diversas doenças, visto que pode ser praticada em qualquer lugar e sem uso de equipamentos. Como a Unidade Básica de Saúde tem maior contato com os usuários do SUS, os quais em sua maioria são pessoas altamente suscetíveis a um estilo de vida sedentário, seria um local estratégico para a implementação e incentivo da prática de exercícios físicos, que melhorara a qualidade de vida dos praticantes.  A implementação de programas voltados para o incentivo à realização de atividades físicas mostrou, em vários estudos, diversos benefícios, como: melhora da densidade mineral óssea, prevenção da perda de massa óssea, aumento do consumo máximo de oxigênio, melhora da circulação periférica, aumento da massa muscular e prevenção da sarcopenia, melhora dos controles glicêmicos, do perfil lipídico e da pressão arterial, redução do peso corporal, melhora da função pulmonar, melhora do equilíbrio e da marcha, diminuição da dependência para atividades diárias, melhora da auto estima e da autoconfiança, diminuição das quedas e fraturas, diminuição de mortes nas doenças de Parkinson, de esclerose múltipla e de Alzheimer, além de prevenir doenças coronarianas. Portanto, conclui-se que a atividade física na atenção primária se relaciona a diversos benefícios tanto para a esfera pública quanto para a individual. Entretanto, apesar de já ser de conhecimento geral, inclusive da comunidade científica, ainda há pouco investimento nesta área. Metodologia: O objetivo desse trabalho é verificar os efeitos do exercício físico na qualidade de vida dos pacientes que frequentam a UBS Nova Sorocaba. Para essa avaliação, foi aplicado o WHOQOL-brief, cuja versão final ficou composta por 26 questões. A primeira questão refere-se à qualidade de vida de modo geral e a segunda, à satisfação com a própria saúde. As outras 24 estão divididas nos domínios físico, psicológico, das relações sociais e meio ambiente, sendo um instrumento que pode ser utilizado tanto para populações saudáveis como para populações acometidas por agravos e doenças crônicas. Além do caráter transcultural, os instrumentos WHOQOL valorizam a percepção individual da pessoa, podendo avaliar qualidade de vida em diversos grupos e situações. A versão em português foi realizada segundo metodologia preconizada pelo Centro WHOQOL para o Brasil e apresentou características psicométricas satisfatórias. O questionário foi aplicado aos pacientes adultos aptos a responderem as questões, de ambos os gêneros e idades variadas, frequentadores da UBS Nova Sorocaba do município de Sorocaba, antes do início do programa de exercício físico e orientação, e depois de 3 meses da prática das atividades físicas, sendo que é recomendado pelo American College Sports Medicine e pela OMS a prática de 150 minutos de exercícios semanais, de intensidade moderada. Os pacientes também foram orientados a marcar os dias em que praticaram as atividades físicas em uma folha com um calendário que foi oferecido após assinatura no Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.  A atividade teve início no dia 05/07/2017 e foi finalizada no dia 04/10/2017, sendo que as orientações dos exercícios foram realizadas por um educador físico, o qual já acompanhava previamente o grupo duas vezes por semana durante 60 minutos. Foram entrevistados, inicialmente, 20 voluntários, porém apenas 6 deles completaram o cronograma de 3 meses e o devolveram para a análise final. Foi realizado, a cada quinze dias, uma visita do grupo de estudantes de medicina responsáveis por este trabalho na UBS para estimular a prática dos exercícios nos outros dias da semana, para completar o tempo recomendado.  Os dados foram tabelados e os resultados demonstrados em forma de estatística descritiva verificando sua frequência relativa e absoluta. Discussão e Conclusões: Observa-se que apenas 30% dos pacientes entrevistados preencheram o cronograma até o fim, demonstrando assim, uma dificuldade de adesão ao trabalho. Obteve-se a informação pela líder do grupo, de que a rotatividade de participantes do grupo de atividade físicas  é relativamente alta e, por isso, foi relatado a desistência de alguns voluntários. Após a análise dos dados obtidos, pode-se observar que, no domínio físico, das 6 pessoas, 50% (3) obtiveram melhora em relação às respostas do primeiro questionário; no domínio psicológico, das 6 pessoas, 67% (4) melhoraram os índices; no domínio social, das 6 pessoas, 17% (1) apresentou melhora; no domínio meio ambiente, das 6 pessoas, 67% (4) obtiveram melhora; em relação a qualidade de vida, de 6 pessoas, 50% aumentaram os valores do resultado, aproximando-se ainda mais de 100% (quanto mais próximo de 100% maior a qualidade de vida), sendo que tanto nos resultados do primeiro questionário quanto do segundo, as respostas dos domínios se aproximam de 100%, indicando que mesmo aqueles com qualidade de vida 50% melhoraram ainda mais. Com isso, nota-se que todos os participantes mantiveram uma boa qualidade de vida ou melhoraram após os 3 meses de acompanhamento. Obteve-se uma indicação, pelo índice de satisfação em relação aos serviços de saúde, de que os pacientes sentem uma carência dos serviços, o que aponta uma necessidade de maior integração entre a UBS e o grupo de atividade física. Assim, conclui-se que a ampliação das atividades físicas é necessária, pois são potentes ferramentas de prevenção de saúde, reconhecendo que essas práticas geram benefícios biológicos à saúde individual, mas que também são capazes de fortalecer a equidade, a autonomia, o empoderamento e protagonismo do sujeito, além de contribuir para a integralidade e sustentabilidade do cuidado no sistema de saúde. Para tanto, existe a necessidade de mais trabalhos para mostrar a efetividade da atividade em locais de pouco cultivo do exercício físico, principalmente quando ligado ao SUS em sua atenção primária.


Palavras-chave


exercício; atividade física; qualidade de vida; atenção primária à saúde