, Fórum PAS - Prática em Atenção à Saúde 2017

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Prevalência da baixa acuidade visual em alunos do Ensino Fundamental da Escola Estadual "Professor Marco Antônio Mencacci"
Luis Antônio Pires, Alan Patrick Fuchiue, Alberto Galhego Neto, Allan Koga, Amanda de Souza Salvador, Amanda Torres, Ana Cláudia Dourado Matos Cruz, Ana Cláudia Queiroga de Faria, Ana Júlia Campi Nunes de Oliveira, Andressa Louise Feitoza, Beatriz Ceron Pretti, Beatriz Moreti Bellenzani

Última alteração: 2017-12-07

Resumo


Introdução: A acuidade visual reduzida na idade escolar é um dos principais problemas de saúde pública no mundo. A acuidade visual refere-se à distância a que um determinado objeto pode ser visto e ela pode ser avaliada pelo Teste de Snellen. É inviável, economicamente, que a aplicação de testes de acuidade visual em todas as crianças seja feita por oftalmologistas, então se faz necessária a sua aplicação por outras pessoas. Nesse contexto, um dos papéis da atenção primária é realizar a promoção em saúde através da educação da comunidade para identificação de alterações visuais. A participação sistemática da população, principalmente dos familiares e funcionários da rede, é essencial e pode contribuir com o diagnóstico precoce. No Brasil, de acordo com o Conselho Brasileiro de Oftalmologia, 25% dos alunos do ensino fundamental podem apresentar problemas oftalmológicos, os quais interferem no aprendizado escolar e evolução psicossocial, e que 15% de crianças da 1º a 9º séries de escolas estaduais precisarão de consultas. Erros de Refração tendem a ocasionar dores de cabeça, tontura, cansaço visual e olhos vermelhos, sintomas os quais podem auxiliar na identificação de disfunções visuais nas crianças e adolescentes. Essa observação se torna mais facilitada no caso dos pais e professores pois nessa faixa etária, o contato com eles é, normalmente, diário. É ideal que o diagnóstico seja realizado antes dos sete anos, porque há evidências de melhor resultado terapêutico, já que nessa idade se encerra o desenvolvimento do aparelho visual. Assim, a realização do teste de Snellen em crianças em idade escolar permite identificação precoce da baixa acuidade visual, incluindo erros refracionais, ambliopia e estrabismo, além de tratamento para correção do defeito visual associado, de modo a reduzir a interferência negativa no aprendizado e na evolução psicossocial. Objetivo: Verificar a prevalência da baixa acuidade visual em crianças matriculadas no 6º ao 9º ano do ensino fundamental da Escola Estadual "Professor Marco Antônio Mencacci", no Jardim Josane, Sorocaba, SP, Brasil, a fim de avaliar a prevalência de baixa acuidade visual, permitindo detecção precoce de distúrbios oftalmológicos e otimizando o desenvolvimento e aprendizagem dos estudantes. Metodologia: Foi realizada triagem oftalmológica em crianças do 6° ao 9° ano da Escola Estadual "Professor Marco Antônio Mencacci", no Jardim Josane, Sorocaba, SP, através da escala de Snellen. Com a devida autorização dos pais, por meio de um termo de assentimento, e da instituição, as crianças foram submetidas ao exame com a tabela optométrica, distanciando-se 3 metros da mesma e sendo indagadas quanto à posição dos optótipos definidos pela letra "E" em diferentes tamanhos e dispostos em linhas. Cada um dos olhos foi avaliado individualmente, cobrindo-se o outro no decorrer do exame. Se a criança usava óculos ou lente, o exame era realizado pela segunda vez, sendo esta com o uso da correção habitual. Um questionário com informações necessárias ao trabalho também foi preenchido com informações referentes à identificação do aluno, ao uso de óculos, opinião pessoal sobre a própria visão e resultado final do teste. Ao final, os alunos cujos resultados mostraram-se igual ou aquém a 0,7, que equivale a 20/30 da AV, conforme critérios postulados pelo Ministério da Saúde, foram encaminhados para um serviço oftalmológico, de forma a serem melhor examinados. Resultados obtidos: 88 alunos entregaram os termos de assentimento assinados, mas, na data da realização do teste, 10 alunos faltaram, de maneira que o universo do trabalho consistiu de 78 crianças. 78 alunos entre 11 e 15 anos foram examinados e apenas 30,7% (n=24) apresentaram acuidade visual abaixo do normal. Dentre os alunos identificados com baixa acuidade visual, 66,7% (n=16) eram sexo feminino, enquanto 33,3% (n=8) do sexo masculino. Somente 8,9% (n=7) utilizavam óculos ou lentes de contato. Em relação à idade dos escolares, observou-se que 15,5% (n=7) dos alunos com 11 ou 12 anos tinham baixa acuidade visual, enquanto 51,5% (n=17) das crianças com 13 anos ou mais apresentaram baixa acuidade visual. 62,8% (n=49) dos alunos responderam que enxergavam bem e, destes, 10% (n=5), na verdade, apresentaram baixa acuidade visual. 32,1% dos alunos afirmaram enxergar bem e 5,1% (n=4) não sabiam avaliar a própria visão. Entre os 24 estudantes avaliados com baixa acuidade visual, apenas 66,7% (n=16) puderam ser encaminhados para o especialista, porque os demais não tinham cadastro ativo na UBS Aparecidinha, impossibilitando o preenchimento da guia de referência sem afetar o fluxo da cidade de Sorocaba. Discussão: A avaliação da acuidade visual deveria ser realizada em todas as crianças antes da idade escolar, no entanto, fatores financeiros impedem que tal avaliação seja realizada. A justificativa para a necessidade de aplicação do teste de triagem no presente estudo foi baseada na verificação da existência de um maior número de escolares com baixa acuidade visual em Jardim Josane do que em porcentagens observadas em estudos semelhantes, de forma que a literatura coloca a prevalência variando entre 7,6% a 29%, enquanto na avaliação dos alunos da E.E. "Professor Marco Antônio Mencacci", este dado foi maior 30,7%. Ademais, estudos anteriores em algumas regiões brasileiras reiteram os dados coletados que apontam a presença de uma maior prevalência de baixa acuidade visual no sexo feminino. Já em relação à idade, a identificação de uma maior prevalência de baixa acuidade em alunos mais velhos diverge de uma outra análise realizada com escolares em Sorocaba (2004), na qual foi constatado que uma menor acuidade visual estava relacionada à uma faixa etária ainda mais jovem. No entanto, a validade externa do presente estudo pode ser questionada devido à amostragem ser reduzida. Após avaliados, 20,5% (n=16) dos estudantes foram referenciados para atendimento com especialista, pois, apesar de 30,7% (n=24) necessitarem de referência ao oftalmologista, 8 alunos não apresentaram cadastro ativo na UBS Aparecidinha. Conclusão: O trabalho realizado na E. E. “Professor Marco Antônio Mencacci” demonstrou-se efetivo na triagem de participantes com baixa acuidade visual, sobretudo por expor a necessidade de realização do teste de triagem em crianças em idade escolar. Ademais, a efetividade foi reiterada a partir da grande porcentagem de encaminhamentos realizados para consulta oftalmológica. Isso contribuiu para a prevenção de prejuízos no desenvolvimento educacional dos alunos, assegurando o tratamento adequado e visando melhoria da qualidade de vida.


Palavras-chave


baixa acuidade visual; triagem; Sorocaba

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