Última alteração: 2017-12-07
Resumo
Introdução: Adolescentes, no Brasil, são pessoas que possuem de 12 anos completos até 18 anos de idade. A Organização Mundial da Saúde amplifica essa caracterização para a faixa etária de 10 a 19 anos. Esse período é a transição da infância para a vida adulta, compreendendo o desenvolvimento físico, mental, emocional, sexual e social, sendo a gravidez na adolescência um problema bastante presente nessa faixa etária. Nesses casos, além da maior possibilidade de apresentarem baixo peso ao nascer, têm um risco aumentado de morrer por desnutrição e problemas infecciosos no primeiro ano de vida, tornarem-se pais na adolescência, apresentarem atraso de desenvolvimento, dificuldades escolares, perturbações comportamentais e tóxico-dependência. Nesse aspecto, podemos detectar a falta de informação como um importante vetor desse problema. Segundo G. Magela et al. adolescentes com nível de escolaridade mais elevado e com maiores oportunidades de obtenção de renda são menos propensas à gravidez não planejada. Os métodos contraceptivos, para o uso de forma regular são um dos fatos mais importantes para estruturação de um sistema de planejamento familiar. Entretanto, muitas vezes, o método contraceptivo está disponível, mas o adolescente não sabe como usá-lo corretamente. Nessa conjuntura, é de suma importância o papel da informação, tanto para profissionais quanto para pacientes, de forma que haja uma conscientização a respeito dessa problemática. Nossa visão é contribuir para a assistência integral aos adolescentes, garantindo-lhes privacidade, confidencialidade e apoio, sem aplicação de juízos de valor. Objetivo: O presente estudo tem como objetivo analisar o conhecimento dos adolescentes do 8º ano via aplicação de questionários prévios, em idade escolar, acerca de métodos anticoncepcionais. Materiais e métodos: O estudo é de caráter descritivo e transversal. A coleta de dados será executada por meio da aplicação de um questionário prévio, em formato anônimo, estruturado por perguntas objetivas. No conteúdo do questionário, serão obtidos dados como sexo, idade, escolaridade, fontes de informação sobre métodos anticoncepcionais, aspectos pedagógicos da abordagem de tal tema e conhecimento sobre os diversos métodos contraceptivos. Além disso, após a aplicação do questionário foi ministrada uma aula sobre estes métodos e uma dinâmica para memorização de destes. Para análise dos dados foi utilizada estatística descritiva, com distribuição de frequência simples, para variáveis categóricas e frequência média. Resultados: A amostra deste estudo é composta por 87 estudantes do ensino fundamental, 8º ano, sendo 34,48% do sexo feminino e 65,51% do sexo masculino. No que se refere à idade, foi encontrada maior frequência de alunos com 13 anos, correspondendo a 62% da amostra, destes, 37% eram meninas e 63% eram meninos; além disso, 28% dos alunos tinham 14 anos, 4,5% possuíam 15 anos, 3,4% corresponde aos alunos com 16 anos e 1,1% aos estudantes com 17 anos, sendo estes dois últimos compostos por apenas meninos. O método contraceptivo mais conhecido pelos adolescentes é o preservativo masculino, que obteve 91,95% de acertos no total e também o mais conhecido em ambos os sexos, sendo 92,99% masculino e 90% feminino. Entre os outros métodos de barreira, o segundo com mais acertos foi o preservativo feminino, com um total de 54,1% acertos, porém as meninas apresentaram maior conhecimento, sendo que 76,67% das alunas acertaram, e entre os meninos, 42,11% escolheram a opção correta. Quanto aos demais métodos, espermicida (35,63%) e diafragma (27,5%) os adolescentes apresentaram pouco conhecimento. Os resultados expressivos encontrados acerca do preservativo masculino devem-se provavelmente às campanhas educativas governamentais e sua distribuição gratuita em unidades básicas de saúde. No tocante aos métodos hormonais, foi verificado que o anticoncepcional oral combinado apresentou o maior número de acertos, 55,1%, sendo que 80% das alunas responderam corretamente e 42,1% dos alunos acertaram. Em seguida, os métodos anel vaginal (35,6%) e SIU – Sistema Intrauterino - (14,9%) obtiveram poucos acertos, demonstrando pouco conhecimentos dos adolescentes sobre tais métodos. O SIU foi, entre todos, o método com maior porcentagem de desconhecimento. Quanto ao DIU, foi observada baixa informação dos adolescentes, correspondendo a 31% de respostas corretas. O DIU apresentou, para o sexo masculino, o percentual de 24,57% de acertos e para o feminino, 43,3%. Tais dados demonstram que os adolescentes precisam de mais informações acerca desse método, pois o DIU apresenta uma ação de longo prazo e contracepção reversível, além de não depender do comportamento humano, representando boa opção para adolescentes, além de corresponder aos critérios de elegibilidade da OMS para adolescentes. Em relação aos métodos cirúrgicos – vasectomia e laqueadura - foi evidenciado alto percentual de conhecimento, 80,4% dos adolescentes apresentaram informações sobre tais métodos. Quanto à tabelinha, os estudantes não demonstraram muito conhecimento, apresentando apenas 36,7% de acertos. Os dados apontam que embora existam métodos com alta porcentagem de conhecimento, como preservativo masculino e métodos cirúrgicos, os adolescentes necessitam de mais informações acerca dos métodos contraceptivos, pois apenas quatro dos métodos citados possuem acertos superiores a 50%. Ademais, é importante que os jovens conheçam as características de cada método, além das questões biopsicossociais relacionadas ao tema para permitir a escolha do método mais adequado para cada indivíduo. Conclusão: Os resultados permitem concluir o baixo nível de conhecimento dos adolescentes pesquisados sobre os métodos contraceptivos. Essa conjuntura destaca a necessidade de se efetivar as políticas públicas de saúde e educação voltadas para o adolescente, considerando o desconhecimento do uso correto de contraceptivos e a busca por informações sobre os métodos junto a pessoas não capacitadas. É de suma importância que o serviço de saúde se insira no contexto escolar e social dos bairros promovendo ações educativas com os adolescentes, os professores e os familiares. Para que essa situação ocorra, cada vez, com uma frequência menor.